10/05/2010

O nome primitivo de Aboim: Villa Avolini

   Sem ter certezas absolutas, porque a freguesia não revela, adentro das suas fronteiras geográficas, quaisquer vestígios arqueológicos susceptíveis de determinar a sua fundação, mas com muitas probabilidades de estar certo, julgo que poder-se-á fazê-la remontar ao período da dominação romana. Como é sabido, os Romanos permaneceram quase 700 anos na Península Ibérica: chegados no século III a.C., depois de uma feroz resistência que durou quase 200 anos, aqui ficaram até à invasão dos chamados Bárbaros na segunda metade do século IV e durante o século V. 
   Segundo a opinião avalizada dos ilustres filólogos Joseph Piel e Leite de Vasconcelos, o topónimo ABOIM é de origem latina. Trata-se dum antropónimo, referido ao dono duma propriedade rústica -“villa”- no tempo do domínio romano. Era esse o costume: designar com o nome do respectivo dono o domínio rural.
   “Villa Avolini” (vila de Avolino, que é diminutivo de Avolus) foi a sua primitiva designação. Daquele genitivo derivou por natural evolução fonética o nome actual (Avolini /Abolini /Aboini /Aboiin /Aboim). Em 1258, no documento mais antigo que se lhe refere, escrevia-se Avoym.
   Portanto,“villa Avolini” corresponderia na linguagem actual, mais ou menos a «herdade» ou «quinta de Avolino». Aliás, origem semelhante teve a vizinha freguesia de Vila Garcia, permanecendo ainda na sua designação o vocábulo Vila.
   Como se sabe a "villa" romana era uma propriedade rústica englobando as residências do dono, dos servos e dos trabalhadores. A habitação do proprietário ou vivenda dominical tinha o nome de palatium de que derivou o termo palatio que se lê em documentos do século X e, posteriormente, o vocábulo paço. Na região de Amarante e de Celorico de Basto este vocábulo transitou para a toponímia de certos locais onde certamente se erguia a residência senhorial romana. Assim o Paço em Britelo, Ourilhe e Ribas no concelho de Celorico de Basto e no de Amarante o Paço em Figueiró (Santa Cristina e S. Tiago), Fregim, Travanca, Várzea, Vila Chã, Oliveira e Real. 
   Afastadas do palatium (paço) ficavam as casae dos trabalhadores (casarii), quer fossem os que trabalhavam directamente a terra, quer os que desempenhavam misteres ligados à exploração agrícola: ferreiros, pedreiros, etc.
   Os trabalhadores rurais englobados na "villa" ou eram cultivadores livres, arrendatários ou foreiros, por contrato temporário ou perpétuo (ingenui) ou eram servos (adscripti).
   Os agrupamentos de todas estas pessoas dedicadas ao cultivo ou granjeio da “villa” ficaram constituindo o fulcro dos modernos agregados rurais, ou seja, as freguesias como a de Aboim.

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